quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Da beleza egoísta





É muito simples, na verdade: eu gosto tanto de tanta coisa.
Essa paixão funda que chega e preenche cada cantinho, me agrada demais. O meu peito gosta muito.

Eu somo os pedaços e divido, pra não me dividir. Eu, que tô egoísta, escrevendo tanto em primeira pessoa, desaprendi a brincar de narrativas com sujeitos e pretéritos que não me pertencem. Os outros são café com leite.

Tô me descobrindo devagarinho, narrando a minha vida pela primeira vez nesse tabuleiro de experiências tão próprias e falantes dentro do meu eu.
Sou lunática comigo mesma, louca com os meus botões e até jogar damas com a minha nobre pessoa – quem diria! – é um passatempo precioso.
Não enlouqueci, de forma alguma, mas parece-me que quanto mais lúcida a pessoa for, mais solitária e triste ela será.

Eu disse. Tô egoísta.

Mas me basta colocar os fones de ouvido e andar por aí que o altruísmo e a vontade de escrever sobre as minhas paixonites cotidianas reaparecem. Meus amores lindos, que vão desde as tangerinas mudas da quitanda em suas cores vibrantes até ao velhinho da Livraria da Vila e as ruguinhas de felicidade das crianças do orfanato aqui da esquina. Dentre os meus mil romances e melindres.

O meu coração que é mole demais. Deixo assim, pra me descobrir depois
.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Só pra lembrar.

E então eu pedi. Eu pedi pra que todas as palavras, todos os hinos, valsas, duetos e poemas que conheço, já li e ouvi, estivessem bem ali, comigo. Eu implorei pelo resto de inspiração esquecida no fim do meu túnel de desespero. E tenho feito isso há um tempo.
Com notinhas de rodapé.

sábado, 26 de novembro de 2011

Sobre formigueiro, madrugadas e destruição em massa


Gabriel diz:

Sempre que eu mato uma formiga...
Eu me imagino na pele dela.
Com consciência de tudo o que ocorre.
Uma vez, eu tava preparando pão.
Aqui em casa, a gente tem uma mania particular.
De como se fazer pão, pro café da manhã.
Usamos o fogão, o fogo, mesmo.
Aí fui acender a boca do fogão.
E tinha uma formiga andando nela.
No centro.
Longe das chamas.
Acendi.
E fiquei imaginando...
TU TÁ LÁ DE BOA DANDO UM ROLÊ PROCURANDO COMIDA AÍ TU SOBE NUMA ROCHA E DO NADA CHAMAS FOGO EM TUA VOLTA
E, claro, não pude deixar de soltar um...
"Hello, Formiga... I WANNA PLAY A GAME"



sábado, 12 de novembro de 2011

Eu também quero beber

Sonhei que tomava da mesma água que Tosltói e Alan Moore. Eu, uma garota de pernas tortas e óculos com armação engraçada, na mesma mesa que os caras mais improváveis do mundo.

Os dois bebiam em uma mesa de bar imunda, na esquina da minha escola.

 Venha, filha – pigarreou um deles. Não me recordo qual.
Flutuei até eles. 

 Você é crítica. A crítica está com você. Nós três somos iguais.
E dizendo isso, os dois cuspiram no chão e sumiram.

Eu acho que foi o efeito de ler Watchmen antes de ir dormir, não sei. Mas, no fundo, eles têm total razão. Eu sou mesmo crítica e tenho como total objetivo achar os defeitos e vestígios de bosta em grande parte das pessoas. E eu gosto disso.

Daí que seguir em frente pra deixar de bater no prego da sociedade com o meu martelo de moralismo não me pareceu ser uma boa ideia. E se isso, o meu senso tão crítico, acabar? O que vai restar, além de caixas de papelão e a falsa aceitação? Se isto aí for embora, significa que eu vou sonhar com a Clarice Lispector vestida de fada dizendo para eu deixar de ser tão tola e voltar a ser uma vaca?

Não vou querer descobrir.

Mentira. Se ela pagar a conta, tudo bem.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Au Revoir, Mikey







Olá, meus caros. Vocês certamente devem saber quem ele foi, ou ao menos viram alguns retweets sobre a morte trágica dele no último domingo. Aos desinformados, seu nome é Mikey Welsh.

Ele foi a alavancada final para o Weezer chegar ao topo e ser a bandinha preferida de milhares de indies frustrados que idolatram vitrolas e suéteres com cheiro de mofo.

Caramba, ele sim sabia segurar um baixo. E, apesar do pouco e contado tempo de banda, o Green Album possui toda a chutação de bundas do Mikey e  cordas matadoras em cada faixa. Ainda o imagino, em meados do fim das gravações, dentro de um estúdio enquanto, dividindo uma cerveja com Cuomo, diz: “Porra, fizemos um grande trabalho. Esse álbum vai ser o legado de vocês, bem além do Blue Album. Ah, e daqui uns anos, vou sair da banda para controlar os meus colapsos nervosos.’’, bem assim. 
E falando sério, Island in the Sun não seria nada sem ele. Muito menos Simple Pages. O Green Album, em si, não seria. Pinkerton é o meu disco favorito, e legal, o Matt tocava muito. Mas, pelo amor de Deus, é o Mikey Welsh! 
Sentiremos sua falta, cara. 







domingo, 2 de outubro de 2011

Você é um babaca - pt 2



O pacote de balas que explodem na boca continua ali, atrelado ao meu diário do ano passado. E eu, que sou covarde, não consegui escrever mais nada nele desde o fim daquele ano. Não o abri mais. Aquelas páginas amareladas do moleskine me fazem sentir um peso úmido nas pálpebras e o teu sotaque volta a surtir efeito, infelizmente.

Os risos de nós dois juntos estão ali. As cobertas, o filme porre, a almofada. A areia nos meus jeans e depois, o choro na volta pela rua de pessoas bonitas e bares lotados.

Eu vejo todo o seu futuro. Te vejo, se equilibrando em um meio fio, sem medo da morte, amando aquilo que reservei pra você.


Eu queria poder esquecer cada nota de cartel que você fez questão de colocar no meu caminho, mas elas combinam demais com o meu agrado por palavras bonitas e falsas, na pele de verdadeiras.

Só queria dizer, que é estranho pensar em você como alguém que eu já tenha gostado.
Não te amei.

Caro estranho, hoje não dói mais a tua ausência. Hoje não me importa mais e deixo tudo por conta de páginas amareladas que foram de encontro ao fim.

Acho que a culpa sempre foi dessa tua paixão por Magic e torta de limão. Eu que me deixei levar, sem querer. Malditos decks.

Você é um babaca. 

domingo, 25 de setembro de 2011

Nostálgica Abstração





Estávamos sempre ao Sol, deitados como reis que precisam de um tempo para arranjar algo além da vida. Não tínhamos minutos para boas-vindas e lágrimas jogadas pela janela.

Éramos como pássaros de cor cinza sedentos por violência e nuvens virgens.
O vento nas penugens atravessava cada canto de nossa superfície cobrando essa falta de altura, de voo.

Cores inéditas acabaram por nos cobrir no ápice de nossos mergulhos e a partir de então, deixei de escrever tais coisas e misturas de palavras em branco.

Curvatura pendendo por cada aresta e olhos que ficaram afiados na busca pela solução de problemas flutuantes pela gravidade comprada. O horizonte num magenta, abrindo hemorragia de sentimentos costurados e vividos em vidas passadas. De fábula e fama, dos duetos esquecidos.

Das coisas mais bonitas que ouvi na vida, tem umas mil. 
Eu sou cafona demais e me mantenho longe do foco e das razões de não ser um cosplay do Bob Esponja. Tem um milhão de motivos.

Isso poderia ser sobre Gênios da Lâmpada e fazer três desejos toscos. Ou a chuva e poeira que estão cobrindo a face dos que já se foram. Ou sobre The Cure. Poderia ser sobre o quanto o Popeye ama espinafre. Isso poderia ser sobre nada.

A minha liberdade se foi junto com algumas tirinhas da Mafalda e o café da minha doce avó.

Tardes nas masmorras de areia e cheiro de protetor solar. Tudo isso é um conto nostálgico que me faz sentir a saudade como algo abstrato.

Nós éramos como reis.

Nós ainda somos como reis sem tempo que só se consolam com músicas do Men At Work e seriados ruins.

É confuso demais. Eu sei.

domingo, 18 de setembro de 2011

Você é um babaca



Eu nunca consegui sofrer por causa dessa adoração pelo sexo oposto.

Escrever sobre paixonites de passagem é consequência, na maioria das vezes, disso. 
Quase a mesma coisa de tentar cantar qualquer música dos Smiths de trás para frente, cansa.

Adicta confessa. Eu não consigo me concentrar e acabo rebobinando até momentos ingratos e cuspindo, sem querer, no prato que joguei contra a parede. Acabo por voltar a gostar de seus cabelos, de suas costas, de seus olhos frios e escuros, de suas pintas perto dos olhos, faceiros. E passa. Passa quando eu traço o último ponto final e arquivo o monte de parágrafos em alguma pasta escondida e vou caçar pedaços de pizza na geladeira. Acaba simples.

Eu não dou a mínima, no final das contas. Nada supera a minha sede por expectativas e o turbilhão de coisas que se enrolam pelas pontas dos meus cabelos, junto com os meus dedos e a vontade enorme de dar com a minha cabeça contra a parede.

E isso acontece naquele momento em que você o vê passeando de um lado para o outro com a namorada e o cheiro podre de novidade pura emanando bem na sua cara. O ápice desliza para a corrosão.

Me desculpem, mas eu não sou a garota certa para escrever sobre essas coisas mesquinhas, vulgo relacionamentos. Me façam escolher entre Bob Dylan e Bruce Springsteen, mas não me façam explicar o que toda essa coisa quer dizer. 

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Recado


Oi.
Olá, alô. Bom dia.

Eu sou aquela barrinha de cereal que ficou esfacelada na tua bolsa durante dias, quase um mês. Quase.
Você me trocou primeiro por um picolé Diletto, e depois, por pipoca do cinema – aliás, quem é que almoça pipoca e ainda quer emagrecer?
Eu me senti muito mais trocada quando você abriu a sua bolsa dizendo estar com fome e ao olhar pra mim, soltou um suspiro.
"Só tenho essa barrinha velha."
E foi correndo pra Polar comer a coxinha especial deles.
Eu sou tipo o Sonic sendo comparado ao Luigi. Ou melhor, ao Mario Bros. E eu queria contar para o mundo que perdi a pira de tentar fazer você me notar no exato momento em que eu percebi a sua intenção de me dar para um dos mendigos do terminal de Santana.

Quem disse que é deprimente acabar sendo comida por um mendigo, hein? Eu sou é independente.
 Aliás, ele me trataria bem melhor do que você. Euzinha, tão saudável. Pronta para matar a sua fome de forma rápida. Ingratidão a tua. 
Aqui não tem mais jeito.
Mas agora tá tudo bem, você subiu na balança, não ficou feliz e comprou mais umas mil amigas minhas: lights e com 50% menos gordura. Karma's a bitch. 
Eu vou te perdoar, mas só porque eu sei o quanto ter pança incomoda.

E essa foi a consciência pesada de Lohaine Trajano.
Boatos grandes de que ela vai começar a dieta essa semana. Pra valer.


quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Para reparar os danos: fez um ano

Faz um ano hoje.

E eu só queria dizer que foi um ano totalmente arrastado até o mês de março, que foi quando ele correu e juntou todos os minutos possíveis para chegar até aqui e se completar com suposta felicidade frígida. Eu sei, eu sei.

Há um ano atrás, já tinha sorrido todas as rugas possíveis com o teu pedido desajeitado e cheio de silêncios e melindres.

Começamos naquele 17 de agosto de 2010 algo que muitos julgaram mal. Mas ainda assim, nós resolvemos arriscar. Foram tantas as mensagens, telefonemas contados e programados, acústicos via skype e mãos tremendo. E sem esquecer das lágrimas, também. Da minha parte.

Os dois em lados opostos, em lugares diferentes. Arestas e quatro lados, exatamente. Você lá, e eu aqui, tão aqui. Eu que não me apaixonei por sua bipolaridade de fachada, suas respostas engraçadas e sua vontade de transformar tudo em algo maior. Não me apaixonei por suas investidas artísticas. Me apaixonei pois aceitava o meu jeito lunático e parecia entender exatamente tudo o que eu pensava e dedilhava.

Eu não gosto da obstrução.
Não vou falar dela, nem do resto. Sabe, você não deve lembrar. Então, não faz diferença.

Vamos seguir os dois sendo apenas pessoas que se conheceram e que por fim, não deram certo. É que eu não consigo mais escrever sobre você. É covardia demais.

Vamos fingir que o dia 17 nunca aconteceu. Para reparar os danos.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Procura-se anão.



Coisa séria, bacana.
Garantimos celulares intactos até o fim das filmagens.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Falta sem cré.

Ao fim da manhã agostina, no topo da vista das pedras musguentas, as tampas dos olhos cobriram-se como sinal de apelo, cobrando.
Era menina de poucas palavras e de grandes sorrisos, quieta e cheia de am
anhãs. Nunca passara por isso antes, de tão mimada e prematura que era. 
Vivia de felicidade, ria por diversão. Ria porque era a única coisa que sabia. 
O par de sapatinhos batiam com a falta de música e o vestido costurado pela avó sujava e encardia com a terra do descanso.  
Os pensamentos tão poucos, miúdos e contados para cada período de tempo entre o Sol e as nuvens virgens, escapuliram. 
Precisava de tempo para restaurar as vértebras e de rios que corressem as maçãs do rosto, já que tristeza é algo que se cura com o silêncio pleno e absoluto de pensamentos foscos e sentidos pelo eu lírico da gente. 
Não era fraca, não era magra. Não era gorda. Normal, simples. Rosto de menina, forte, bonito. Não oval. Lindo.  
Jabuticaba era a sua fruta favorita e tinha amigas para as férias de amarelinha. Seu armário era egoísta de vestidos e a televisão da sala, novíssima, sempre estava ligada em algum episódio tosco do Bonanza.
Normal, vida simples, pacata. Toda cheia de vírgulas. 

Domingo retrasado encontrou fulana chorando largada em uma calçada cinza e feia.
– Por que choras? – perguntou. 

A menina deu de ombros, como quem não sabe de nenhum cré, nem lé.
Talvez chorasse sem motivo, ou por algum parente que fora raptado por anjos atrevidos.  

Como é que alguém entristece sem motivo? Será possível entristecer por loucura?
Pensou nisso durante toda a semana, e após analisar e discutir com a sua vida simplória, chegou até a conclusão de que não lembrava quando fora a última vez que chorara. 

Talvez fizesse um mês, ou anos. Talvez tivesse acontecido no último arranhão que ganhara do carrinho de rolimã do irmão mais novo. Talvezes. 
Não lembrava. E se não lembrava, a culpa era da vida que caminhava boa, doce demais e estava lotada de incontáveis risos, grandes cirandas, danças de cílios abrindo e fechando. O ar faltando e farfalhando de forma escandalosa, a vida passando.  
Poesia ambulante e de semblante pleno, pegou-se agradecendo por não ter motivo algum para praticar tal coisa que deixa os olhos grandes e úmidos.


E num ápice de valsa consigo mesma, as lágrimas pediram licença e vieram.

domingo, 10 de julho de 2011

Foi-se, o circo

Mais um drinque para o senhor esguio.  E mais um tabefe para a senhora de vestido vermelho.
Piscadela tinha tudo certo e planejado desde os tempos de circo.
- Tempos bons, sim senhor. 
Pegava-se suspirando para cada cliente bebum que entrava pela portinha de madeira com cheiro de hortelã.
Já era de se esperar que Piscadela fosse acabar assim.
Dizia para as crianças do bairro que fora palhaço em tempos passados, mas os pequenos nunca davam ouvidos e mostravam-lhe a língua como sinal de desaprovação.
- Como pode? Palhaço sem circo! Sem nariz vermelho!
E então os ombros caíam e o sorriso murchava. Piscadela rimando com derrota.
Derrota que vinha junto com o riso de certa malabarista e luzes de picadeiro.
O coitado pintava o rosto todas as noites e chorava borrões de tinta. Lágrima por lágrima misturada com guache.
Levava a vida assim. Lavava a alma assim. E morreu no dia em que o circo retornou à cidade.

Simples e cru.
Não sou boa com finais assim.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Mario Lago nunca fez tanto sentido.


"Eu fiz um acordo de coexistência pacífica com o tempo:
nem ele me persegue, nem eu fujo dele.
Um dia a gente se encontra..."



sábado, 2 de julho de 2011

Legal, e daí?



Porque quando a gente deixa ir, demora.
Eu quero largar o lápis aqui e seguir meu rumo de remendos, mesmo que sozinha.

Mesmo sem o meu Norte aqui no Sul, há vida. Vida boa, bonita.
A dor é ruim e retarda, mas isso não é desculpa pra esse peso plantado nos ombros.


Eu quero cantar no silêncio que preenche as minhas ideias com o riso daquele que sempre se faz presente, mesmo que de tão longe.
Chorar poesia, fazer as lágrimas rimarem e virarem palavras como eu sempre fiz. Mandar à merda.

A minha vida é uma passageira forasteira em algum trem desgovernado. Acho.
Porque eu não vivo de saudade à toa. A gente curte ser brega. E escrever tem sido prova disso, já que eu não publico nada.

Sabe, é tudo desabafo, ainda, é tudo verdade. Isso tudo sou eu e tudo o que eu ainda vou e tá pra ser. Isso tudo é o que sobrou.

P
orque sempre ouço das pessoas que eu sou arisca demais, toda aquela velha história do medo da decepção, de não querer que os outros penetrem na minha vida.


Sinceramente? Vão se ferrar.


Eu sou assim. Ponto. Eu sou lembranças constantes e uma confusão bonita de épocas distintas. E eu me exponho, magoo, e faço isso sem nem perceber, sem querer. 
Mas a gente gosta assim. Eu e a passageira forasteira, a vida.


E vou fazer isso quantas vezes eu quiser.

sábado, 28 de maio de 2011

Víbora



Aquela foi a última vez em que ouviu falar dela. Na mesa do bar da esquina, comentaram que o novo namorado tem um topete igualzinho ao do Neal Caffrey e que quando eles se beijam demais o rosto dela fica vermelho por causa da barba. Comentaram que ela ainda ouve Chucky Berry.
O lance não foi bem ela. Que se dane. Porra, Neal Cafrey. Justo o topete dele.

Foda. Ele já está em outra, não vai mais ouvir falar dela, não vai mais ouvir a voz irritante, o som abafado daquela risada no meio da noite, nada. Ele não quer mais ouvir falar dessa aí, da mentira ambulante com cabelos castanhos ondulados. Outubro, outubro. Setembro. Não, nenhuma lembrança desses meses.

Ele esqueceu fácil. Talvez porque mentiu demais, para os dois. Impulsivo e mentiroso. Mas a culpa não foi exatamente dele. Como podemos colocar a culpa em um garoto que aspira querer ter um topete igualzinho ao do Neal Cafrey e sonha namorar uma daquelas garotas perfeitas que acordam de manhã sem mau hálito? Que chame de víbora, do que for.

Pena, pena. Não, ele não é digno de pena, meus caros. Vai ver seja toda essa coisa de tudo que nunca foi coisa nenhuma e ainda assim era muita coisa. Não pra ele, só pra ela. Coitada. Ele nunca vai sentir o cheiro de quadrinhos velhos, nunca mais vai ver aquela camiseta cinza.

Agora as suas cervejas fazem companhia, ele só tem elas. Bebe e fuma como um maluco e algumas vezes, toma uns porres e acorda só na segunda.
Daí que ela esqueceu a porra daquele broche, como se não fosse o bastante, a filha da puta ainda esquece o broche. Outro vestígio material.

Ele nunca mais vai ouvir falar de mim.


E quero o meu broche do Chucky Berry de volta, só pra constar.


E não, eu não estou insinuando que ele sente minha falta.
Longe disso. O avesso disso.



domingo, 8 de maio de 2011

Nostalgia à bolonhesa

Lasanha congelada Sadia tem sabor de infânciaE isso já gerou discussões em rodinhas, filas de cinema, cabeleireiro, por simplesmente colocarem aquelas dentaduras Fini e os bolinhos de baunilha da Panco no topo das nostalgias. Sem querer contestar, cada um com o seu pedacinho de lembrança.

Lembro bem de quando ia passar uns dias na casa da minha tia. Tia daquele tipo que não curte cozinhar pra mais de uma pessoa e que ferra com todo o cronograma de refeições impostos pela sua mãe.

Na época, ela trabalhava como professora de educação artística e vivia ocupada com um monte de rabiscos e trabalhos bimestrais de outras crianças e em tentar tirar as manchas de tinta plástica dos aventais dela.
Eu nunca vou esquecer da cara que ela fazia quando eu perguntava o que tinha pro almoço.

- Tem lasanha no congelador.

E eu fui pegando gosto por esses almoços singulares, que quase sempre seguiam com narrativas detalhadas sobre o tropicalismo, cubismo e Law&Order.

Tudo bem, eu meio que me tornei uma criança movida por lasanha.
Pirada mesmo. Bitolada. E tá, lasanha nem é um prato tão trabalhoso assim. Mas acho que essa era a graça.

Ah, o poder daquela caixinha com o logo da Sadia. Do microondas apitando e gritando que a felicidade estava pronta, me esperando. O paraíso pronto em menos de vinte minutos.

Passar na sessão dos congelados em toda ida ao mercado se tornou obrigatório. Eu conseguia deixar a minha mãe puta quando a família ia almoçar fora.

Meus primos, no geral, pediam sempre batata frita pros garçons. E eu, lasanha congelada.

Minha família me apelidou de Losanha, e não foi à toa. Mas legal. Muita coisa fez parte da minha infância: paçoca, aqueles pirulitos maneiros que vinham num saquinho com açúcar, dentre muito mais. Só que não dá. Lasanha congelada chuta bundas.

Não dá pra brincar com isso. Falando sério. E eu acho que sempre vai existir um lugarzinho especial pra lasanhas prontas no meu congelador. Independente do sabor, validade – vide festa do Babbu 
, ou procedência.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Joana


Fazia tempo que Joana não voltava pra casa. Já não dava para contar nos dedos quantos meses estivera fora.

Joana, Joana.

Joana de sorriso tão bonito e cheio de inocência resolveu ir embora sem se despedir. No começo, a estrada foi divertida - o novo que a excitava, cutucava e convidava.

Virava cervejas e cervejas até se sentir satisfeita, e depois corria com seus trapos para não precisar pagar a conta. Seduzia os marmanjos com teu olhar tão confortável, e então dava o fora com falso nojo, desfazendo dos pobres.
Muitos foram os que caíram nas armadilhas da menina moça. Marinheiros, escritores frustrados em busca de musas, artistas de circo. Todos amavam Joana. E Joana amava todos igualmente, nem que fosse apenas por uma noite.

Prendia os cabelos com um laço de fita e passava com cuidado o toco de batom vermelho-sangue que roubara de uma cigana linguaruda. Joana sorria pro espelho. Todo dia sorrindo para um espelho diferente.

Mas Joana, entre um cigarro e outro, decide que é hora de voltar. A Joana dos marinheiros, a Joana que trepa, que engana. Essa aí, essa outra, é outra mulher. Não é nossa Joana. Essa nossa, percebeu que foi um pouco longe demais, sentiu saudade dos olhos da mãe e das birras dos irmãos mais novos.

Não que todos tivessem a esquecido – longe disso, ninguém nunca a esquece -, mas será que teria coragem de largar toda a vida, toda a liberdade? Cada noite em um lugar diferente. Abandonar o novo.

Ela estava pensando nisso quando tocou pesarosa a campainha. Ela pensou nisso até o fim dos seus dias. Joana, sempre Joana.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Patifarias expostas e vividas



Às vezes eu acho que a minha vida virou do avesso, e que alguém veio e simplesmente alinhavou umas vinte vezes para ela nunca mais sair do lugar. Eu sei que isso parece papo de gente mal amada, que precisa de um belo esporro para parar de reclamar, levantar a bunda do lugar e ir fazer algo em relação a isso.

Mas me deixem terminar.

Voltando ao ponto: não que muita coisa tenha mudado – aliás, acho que o problema vem daí.
Ainda gosto de deitar na minha cama e puxar os fios soltos das costuras do meu edredom, dando nome a cada um deles – me chamem de estranha, mas a minha mãe odeia esse meu hábito tanto quanto ela odeia precisar comprar um edredom novo a cada três meses, e eu sei que nunca vou parar com isso. É mais forte que eu.
Ainda continuo fazendo listas inúteis e travando conversas imaginárias comigo mesma.

- Lohaine, tudo bem aí?
- Difícil.
- É, eu sei.
- Sabe? Como você sabe?
- Eu sou você, oras.

É só que eu me toquei que agora tá valendo. Agora é pra valer.
Esse negócio, essa coisa de viver. Agora é de verdade – você mudando, ou não vai acabar acontecendo. E de vez em quando me dá preguiça só de pensar que isso tá só no começo.
Sabe, é que chega uma hora que inevitavelmente a gente se liga e percebe que pronto, tá para ser, não dá pra voltar atrás.
Não dá pra fazer nada em relação a isso, por mais que achem que não é bem assim, que dá pra parar o tempo, gritar, espernear, puxar ele pelos cabelos e pedir para ficar.
Porque ainda assim, a vida vai escorrer, vai correr por entre os pedaços de você, fazendo graça, dando adeus enquanto segue cantando alguma música.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Destinatário: nosso primeiro beijo



Beijo,
Você aconteceu de uma forma totalmente inusitada. Você é único, o primeiro.
Não o primeiro da minha vida. Antes de você, alguns outros acabaram acontecendo.  Preciso dizer que estes – Os Alguns – não tiveram tanta importância assim. Não a mesma que você. Falando sério.

Não sei se foi o gosto de cerveja e tabaco, mas alguma coisa te tornou especial. Como se você já não soubesse. Na verdade, tem muito a ver com a forma inesperada em que os nossos lábios se encontraram tão repentinamente. Os meus e o dele. Os dois tão confusos.
Mas ainda assim, você aconteceu.

E as minhas pernas viraram gelatina, fraquejaram. Meu coração parecia não ter espaço para bater dentro do peito. Arrebentava cada ventrículo e cavidade – e por um breve instante até pensei que teria uma taquicardia, ou que cairia dura. Não seria novidade. Não pra mim. Não mesmo.
Mas acho que a felicidade não deixou que isso acontecesse.

E a forma como as mãos dele foram parar nas pontas das mechas do meu cabelo, as bagunçando, também. Eu nem sei por que estou escrevendo isso, na verdade. Acho que é só para você saber, pela enésima vez, que eu nunca vou ter outro desses, outro de você.

Essa menina arrogante e estranha conseguiu finalmente entender o significado de todas aquelas narrativas sobre os tais beijos, todas aquelas cenas apaixonadas de filmes dos anos 50 onde você estava sempre presente: as garotas costumavam levantar a perna direita e passar os braços pelas costas do amado, e este, apenas retribuía a abraçando com carinho e ternura. Como se ela fosse uma peça de vidro. Tão frágil.

E depois, os casais sempre se olham e sorriem satisfeitos, com a música e os créditos subindo pela tela, anunciando o fim e o famoso “felizes para sempre’’. Confesso, que antes de você, tudo isso me parecia total balela. Tão inexistente. Todas aquelas matérias que minhas primas e amigas liam na pré adolescência, e os treinos com a maçã e o gelo… desnecessário comentar isso aqui.
E o fôlego faltou, e no fim, fim de você, eu jurei que escreveria algo sobre isso.
Algo sobre o quanto eu me senti a maior boba do mundo e depois fiquei horas dançando e gritando de felicidade com as minhas amigas, por ter conseguido sentir borboletas elétricas no estômago.

Cheguei em casa na manhã seguinte fora de mim, tão feliz, tão outra. Só não beijei os vizinhos, carteiro e minha mãe, porque daí minha loucura seria comprovada.
Mas você me fez – e ainda me faz – feliz até hoje.
E na verdade, não posso mentir para você, mas esse efeito tão seu ainda se faz presente quando nós dois estamos juntos.
Minhas pernas ainda fraquejam.
Ah se fraquejam.
E eu me sinto meio retardada.
Mas primeiro dos nossos – meu e dele, ele – só você.

domingo, 6 de fevereiro de 2011



Herói, não é fácil te ter longe. Você se foi muito cedo. A vida foi egoísta e só me deu um pouco de você, e tão de repente te tirou de mim. Mas eu precisava – e ainda preciso – de ti.
Sabe vô, não tem sido fácil pra ninguém aqui de casa. Principalmente pra mim. Eu perdi o cara da minha vida, o meu chão.

Eu sinto falta da sua mania de me mimar e dizer que eu era sua reclamona. Das suas brigas com a minha mãe só por causa dos doces que sempre me trazia, de você indo me buscar na escola, ou das vezes em que levava eu e o Marcelo lá pra feira da Calixto para mostrar pra gente o valor das coisas, mesmo que antigas.

Acho que foi daí que tirei o meu gosto por tudo o que é velho. Muita coisa me lembra você. Elvis me lembra teu jeito despreocupado. Mar. O Marcelo. Passarinhos. Tom Jobim. Relógios. Sorrisos largos. As coisas da vó. As minhas bonecas e chimarrão.

Quando você descobriu que estava doente, eu pensei que era só gripe, que ia passar. Você ficou magro, tão fraco. Justo você, que sempre foi tão forte. Fiquei sabendo que a coisa toda era mais grave quando o seu cabelo todo caiu e quando a vó voltou do hospital com aquela história de que ficaria lá com você por um tempo.

Muito tratamento, muito remédio.

E ainda assim, eu ia te visitar, conversar sobre Mortal Kombat e ler pra você as histórias que eu tirava da minha cabeça e escrevia, dizendo que um dia virariam livro. Mas na páscoa, você deixou a gente.

A vó chorou muito, e desde então, eu tenho tentado preencher o seu vazio pra ela. Apesar de saber que é impossível. Mas eu tento.
E cadê você pra poder dizer que vai ficar tudo bem? Pra me levar pra Calixto. Pra cantar Caetano pra eu dormir? 
São coisas que eu queria poder passar com você do meu lado.

Eu vou dizer agora o que eu queria ter dito na hora que pude. E não consegui dizer. Você foi o melhor homem que eu já conheci. Quero que saiba que sempre te sinto por perto, e que ninguém nunca vai preencher o seu lugar. Eu tenho um orgulho imenso de você, da sua história. Cada conquista que eu conseguir vou agradecer e dedicar a você. Um dia, espero te reencontrar. Nove anos já se passaram, mas não superei e nunca vou superar a sua morte. Segue em paz.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Você é um idiota


É toda aquela coisa de tentar te procurar em outras pessoas. Aprender a ficar sem as suas ligações no meio da noite. De entender que acabou. É toda aquela coisa de não ouvir a sua voz pelo menos três vezes ao dia. De não ter mais pra quem contar sobre o meu dia e os meus projetos.

É toda aquela coisa de tentar não tentar mais. De deixar pra lá. Esquecer.

Eu gosto de você. Eu gosto tanto e tanto. Não quero você longe – além dos quilômetros ,  eu não quero ninguém além de você rindo das minhas piadas sem graça e me chamando de boba por me achar desastrada demais.

É toda aquela coisa de dizer o que eu não quero dizer. De fazer o que eu não quero fazer. Mas que infelizmente precisa ser feito para o meu próprio bem.

É toda aquela coisa de precisar te ver com outra pessoa. Um alguém que vai poder ver sempre o seu sorriso e que vai poder te abraçar sempre que quiser.
Desculpa, eu não vou mais escrever sobre isso aqui.
Ai ai.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Da minha sorte pra sua



Coço a cabeça, aponto o lápis uma, duas, três vezes adiando o encontro entre papel e caneta, mágoa e soluços, você e eu, minhas ideias e a perda de tempo.

Daí olho para o ventilador, penso na cor do teto e fico lembrando de algumas das suas histórias enquanto puxo alguns fios – de saudade – da coxa da minha cama. Você e eu, a gente poderia ter feito tudo diferente.
Pego outro caminho, ido pelo outro lado. Evitado.

Eu queria entender porque você só me confunde. Confundia. Porque agora você me colocou no seu pretérito imperfeito junto com todos os nossos encontros imaginários. E eu não gostei disso.

Só que você muda de ideia e se arrepende e isso vamos encarar, é uma merda.
Chega de jogar o dado pra decidir a sua vida. Chega de ficar se perguntando se a solução está ou não na alternativa a) ou b).
A vida não tem fórmula e infelizmente, pode ser difícil de ser vivida para uns, e bem fácil para outros. Aqueles que sabem sorrir, acho. Você não é um deles.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

2010 e Bruno


Noite passada eu tentei imaginar o vazio. Desde muito pequena tenho mania de pensar em algo genial e ir correndo escrever sobre isso. Não mudei nada. E aí começou aquela conversação maluca entre eu e o meu eu.
 Sentiu a pontuação maluca e a falta de revisão, Ló?
 Senti. Mas não ando muito boa pra escrever.
 Passar muito tempo longe faz isso. Mas vai, concentra aí.
 Você não acha que penso demais? – me vejo perguntando em voz alta.
 É.

Mas é tudo culpa do sono, ou da falta dele. Ainda não sei.

É só que estou fazendo a contabilidade desse ano que acabou, do primeiro namoro, das velhas e boas amizades, dos novos conhecidos, da seca de lágrimas. Estou tentando absorver como é se sentir no lugar do outro. Estou tentando entender porque, mesmo com saudade e tristeza, não consigo voltar a pensar no Bruno.

Estou tentando entender porque sou tão desastrada e porque falo tão sem pensar, também. Estou tentando alguma maneira de deixar esses posts menos tristes e mais parecidos com a verdadeira eu. Na realidade, eu estou tentando me permitir sorrir mais, bem mais.

Só que de verdade.

A vida pra mim, sempre foi dividida entre sorte e azar. Lohaine sempre rimou com má sorte, só que agora, AGORA, eu acho que estou tentando aceitar isso sem me deixar ser tão escrava desses dois opostos.

Eu ando pensando que toda essa inconstante comigo mesma tem me feito bem, só que de forma bastante oculta e esquisita. Eu não parei de gostar. Mesmo longe, mesmo tão assim. Eu preciso dele, sabe?

Mas deixa pra lá, porque ao mesmo tempo em que quero correr até você e te abraçar, quero estrangular o seu pescoço e te enterrar vivo por ser tão assim. Mas logo passa tudo isso.

A dor é chata, mas é camarada. Sem ela  e as dúvidas  esse balanço não ia estar acontecendo. E eu também não ia ter esse blog. Que, aliás, foi o melhor pedaço de projeto que 2010 poderia ter me trazido.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Acabou


No período de dois meses, cansada da vida, cansada de tudo relacionado ao amor, cansada de todos que conheço, cansada de tudo relacionado a ele, me mantive em uma manifestação estranha de sentimentos.

Todos que me conhecem bem, sabem que tenho uma mania estranha de falar comigo mesma e com personagens imaginários que eu mesma dou vida e invento. Tudo tirado da minha mente cheia de felostamina e esquisitice.

Pode parecer estranho, mas não foi grande surpresa levantar a cabeça do travesseiro e o ver sentado bem ali, na minha cama fumando um cigarro e me olhando com curiosidade.
 Por que você tá chorando?  ele perguntou.  Todo mundo te avisou que isso ia acontecer. Digo, sobre eu e você.
 Por que você fez isso? Por que você quis fazer isso?
 Não sei.
– Você tem que saber.
 Não sei. Acho que precisava de alguém – e dando um trago no cigarro – e você estava lá. E sei lá, você me tratava tão bem. Foi o que eu disse, naquele dia eu acordei apaixonado por você.
– Rá. Apaixonado. Até parece.

Naquela ocasião, eu podia não permitir que aquilo acontecesse. Ele era a parte lesada de mim, dos meus pensamentos conturbados, dos meus planos, de todo aquele ano.

 Você não entende. Eu sou só parte da sua consciência. Não sou ele de verdade. Eu sou um holograma criado pela sua mente. Não posso responder nada muito difícil, sabe como é, eu sirvo apenas para você não esquecer dele e tentar achar onde foi que os dois erraram nisso tudo.
 Tanto faz.
 Sabe, quando eu aparecia há uns meses atrás você costumava ficar mais feliz em me ver. E nossa, era legal ficar horas falando sobre os nossos planos e sobre o quanto nós íamos dar certo.
 Isso foi antes da gente, sabe como é.
 Terminar.
 Odeio essa palavra.  Por que a gente começou com tudo isso?
 Não sei. Não dá para explicar.
 Foi porque você quis. 
 Eu gostava de como a gente era no começo.
 E eu estraguei tudo.
 Acho que sim. Mas a culpa não é só sua.
 Eu não posso mais ficar aqui te esperando. 
 Eu estive pensando, talvez seja hora de você ir embora. Te deixar ir, sabe como é.
 Pra sempre?
 Não, talvez você possa aparecer de vez em quando. Para eu sentir um pouco de saudade.
 Pelo menos uma vez ao dia?
 Mais ou menos isso.
 É o que você quer?
 É o que vai me fazer bem. Você vai indo aos poucos.
 Você não vai mais escrever sobre mim?
 Não sei, acho que por um tempo, não.
 Você foi uma boa amiga.
 Você também.
Sinto que não há mais nada para ser dito. É agora.
 Então, acho que é hora de você ir embora.   Então, é isso. 
 Até qualquer hora.
E simples assim, eu o deixei ir.