domingo, 11 de março de 2012

Sobre garotas

Todas as garotas desabam. Todas são torres que se escondem por entre máscaras emprestadas por soldados que perderam o orgulho, tornando-se assim, mais frágeis do que os músculos de um homem realmente podem suportar.
Todas as garotas desaguam por entre rios que acabam por cobrir toda a áurea além de seus cabelos. Todas nós choramos. Todas choram. Gostamos do estrago, da explosão e de todo o vermelho que faz parte da corrosão que nos afugenta. Tudo acumula, pesa. Há angústia por entre cada cílio e sorriso malicioso que soltamos. E vamos todas para o inferno por pensarmos demais.

Da oitava vez, eu me encontrei, assim, sem querer, tentando achar graça nas coisas que eu mesma dizia. Eu quis tentar provar que o céu é azul para poucos e que a febre por um mundo melhor só está presente nas músicas do Pink Floyd. Eu tentei. Nós, garotas, tentamos, também.

A cidade tem cheiro de churrasco e os discos não são mais os mesmos que os daquele ano. As pessoas mudam de endereço, o tempo gira, a roda aumenta. Aumenta. Nós todas sentimos saudades. O ventilador acompanha cada pensamento e limpa cada mancha da minha agitação cotidiana. Eu deixo levar, lavar. Já vai tarde. Existe um silêncio que só acontece para aqueles que sabem ouvir.

Garotas não sabem nada sobre blues tristes e pincéis sujos de tinta. Mas, deveriam. Os minutos passam, eu conheço o final do trajeto.
Esquisito isso, das palavras fugirem, de fugirem os problemas,
os compromissos, meu passado não te importa, nem me importo com o seu.

Nunca fui de medir palavras, mas agora aprendi a medir até as vírgulas que separam os trilhos riscados das dez estações que enfrentei, e tive também os cinco primeiros minutos em que esperei como motivo para desistir e recuar as dez estações atrás. Todas as garotas mudam de ideia. Todas sentem medo. Todas procuram um lugar para se esconder daqueles que as intrigam. Todas as garotas querem ficar, permanecer.

E não importa onde, mas, você vai nos achar. Seja em algum banco de praça, ou dentro de alguma pintura do Dalí, na Lua, não importa. Nós vamos guardar o seu lugar no banco do passageiro e esperar até o fim dos últimos acordes daquela música esquecida através dos risos de figurantes. Está reservado.