domingo, 10 de julho de 2011

Foi-se, o circo

Mais um drinque para o senhor esguio.  E mais um tabefe para a senhora de vestido vermelho.
Piscadela tinha tudo certo e planejado desde os tempos de circo.
- Tempos bons, sim senhor. 
Pegava-se suspirando para cada cliente bebum que entrava pela portinha de madeira com cheiro de hortelã.
Já era de se esperar que Piscadela fosse acabar assim.
Dizia para as crianças do bairro que fora palhaço em tempos passados, mas os pequenos nunca davam ouvidos e mostravam-lhe a língua como sinal de desaprovação.
- Como pode? Palhaço sem circo! Sem nariz vermelho!
E então os ombros caíam e o sorriso murchava. Piscadela rimando com derrota.
Derrota que vinha junto com o riso de certa malabarista e luzes de picadeiro.
O coitado pintava o rosto todas as noites e chorava borrões de tinta. Lágrima por lágrima misturada com guache.
Levava a vida assim. Lavava a alma assim. E morreu no dia em que o circo retornou à cidade.

Simples e cru.
Não sou boa com finais assim.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Mario Lago nunca fez tanto sentido.


"Eu fiz um acordo de coexistência pacífica com o tempo:
nem ele me persegue, nem eu fujo dele.
Um dia a gente se encontra..."



sábado, 2 de julho de 2011

Legal, e daí?



Porque quando a gente deixa ir, demora.
Eu quero largar o lápis aqui e seguir meu rumo de remendos, mesmo que sozinha.

Mesmo sem o meu Norte aqui no Sul, há vida. Vida boa, bonita.
A dor é ruim e retarda, mas isso não é desculpa pra esse peso plantado nos ombros.


Eu quero cantar no silêncio que preenche as minhas ideias com o riso daquele que sempre se faz presente, mesmo que de tão longe.
Chorar poesia, fazer as lágrimas rimarem e virarem palavras como eu sempre fiz. Mandar à merda.

A minha vida é uma passageira forasteira em algum trem desgovernado. Acho.
Porque eu não vivo de saudade à toa. A gente curte ser brega. E escrever tem sido prova disso, já que eu não publico nada.

Sabe, é tudo desabafo, ainda, é tudo verdade. Isso tudo sou eu e tudo o que eu ainda vou e tá pra ser. Isso tudo é o que sobrou.

P
orque sempre ouço das pessoas que eu sou arisca demais, toda aquela velha história do medo da decepção, de não querer que os outros penetrem na minha vida.


Sinceramente? Vão se ferrar.


Eu sou assim. Ponto. Eu sou lembranças constantes e uma confusão bonita de épocas distintas. E eu me exponho, magoo, e faço isso sem nem perceber, sem querer. 
Mas a gente gosta assim. Eu e a passageira forasteira, a vida.


E vou fazer isso quantas vezes eu quiser.