sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Olhos

Você apareceu nos meus sonhos. Citava alguns versos tristes e mudos, mas ainda assim, versos. Quase não o reconheci, também. Culpa dos olhos. Grandes caleidoscópios que acabaram por tomar o lugar do castanho habitual.

Eu tentei te escutar, atenta, como se a ausência de som não fosse empecilho para tanto. Eu gosto do silêncio. Você sabe.

Falou-me da Lua. A Lua. E do quanto estrelas não gostam de noites frias de junho. Pontos luminosos, deixou por assim chamar. Pontos luminosos não gostam de noites frias de junho.

Era simples. Inconcebível, até tal ponto. E posso dizer que aproveitei todas as minhas preocupações, porque ali, elas não existiam.
Era tempo de livrar-se dos filtros, nadar contra a correnteza. Não foi fácil.

Nos espremíamos para caber nas entrelinhas, e estas, não nos pertenciam. Entrelinhas asfixiam, são perigosas.

Eu vi os caleidoscópios perderem os tons, as cores. Séculos passaram por nós dois, sem licença alguma. Cada pedaço inacabado meu quer tentar fazer sentido pra você. Te remonto, mais algumas vezes, girando mais do que qualquer coisa que gira bastante. Os grandes caleidoscópios parando, perdendo novamente a cor, tomando forma. Eu quis entender o que eles queriam dizer. Girando e girando. Quis pedir para deixarem recado, escreverem um bilhete, mas teus olhos não eram mais os mesmos.

A chuva passou. Os séculos, também. Era tarde demais. Acordei um pouco tonta, entre um tropeço e outro, tentando encontrar algum sinal das cores dos teus olhos por ali.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Sobre textos em branco.

Eu tô tentando dar um jeito de não falar sozinha. Essa é a real função dos blogs, acho.
Mas anda foda. Difícil com, ou sem temas. O meu cérebro trabalhava melhor durante aquelas madrugadas de Hey Arnold e Space Ghost. O Zorak me entenderia. Ele é o único, já que o meu caráter acabou sendo construído por meio das falas e bordoadas daquele inseto verde e gigantesco tão cheio de sarcasmo. Não sou sarcástica. Aliás, por que ele é daquele tamanho?
Isso poderia ser sobre Miami Vice e os ternos roxos que eles usavam. Porra, eu sairia com o A
mie Foxxx. Ele sim.


Poderia ser sobre o quanto o Steven Seagal odeia meliantes. Queria que isso fosse sobre o sorriso do Mark Hamill e a quantidade de adornos que eu colocaria nele. Por que o tempo precisa passar para essas pessoas? Por que a Molly Ringwald precisou engordar e ficar velha? Porra, então, o Jake de Gatinhas e Gatões teria papada, se realmente existisse?

Isso aqui poderia ser uma tese sobre a pancada de filmes que o Hughes faria se ainda estivesse vivo e sobre o quanto odeio parecer repetitiva com os meus textos.

Queria que vocês parassem de me olhar torto quando digo que acho o Morrison um chato. Que todas as garotas parassem de fingir que gostam de quadrinhos, quando na verdade, não sabem dizer sequer um episódio de Star Wars. Quando foi que isso ficou assim? E por que os caras preferem as vadias? Como essa cadeira veio parar aqui? Isso não é problema meu.
Queria ter nascido o Ney Matogrosso, só que heterossexual. Porra, eu queria ter temas. Queria o Ozzy ganhando um Nobel e fazendo algum cover dos Beach Boys.


Eu não sei. A vontade de escrever era grande. Descartem isso. 

sábado, 7 de janeiro de 2012

Dá teu riso pra mim


Eu gosto de um menino
Que fala bonito
Tão bonito
Que me deixa assim
Sem palavras
Miúda
          e calada.

Eu faço versinhos
Pra ele
E canto corinhos
Que o guri nem nota
Sempre vai embora
E me deixa só
Por minha conta.

Queria te dizer
Menino dos olhos
Que eu escrevi as iniciais tuas
No muro da minha casa
E na agenda
Pra dar sorte.

Desculpa o mau jeito
Mas teu sorriso
É tão bonito
Fico na espera
De um riso
Destinado a mim
E mais ninguém.