domingo, 25 de setembro de 2011

Nostálgica Abstração





Estávamos sempre ao Sol, deitados como reis que precisam de um tempo para arranjar algo além da vida. Não tínhamos minutos para boas-vindas e lágrimas jogadas pela janela.

Éramos como pássaros de cor cinza sedentos por violência e nuvens virgens.
O vento nas penugens atravessava cada canto de nossa superfície cobrando essa falta de altura, de voo.

Cores inéditas acabaram por nos cobrir no ápice de nossos mergulhos e a partir de então, deixei de escrever tais coisas e misturas de palavras em branco.

Curvatura pendendo por cada aresta e olhos que ficaram afiados na busca pela solução de problemas flutuantes pela gravidade comprada. O horizonte num magenta, abrindo hemorragia de sentimentos costurados e vividos em vidas passadas. De fábula e fama, dos duetos esquecidos.

Das coisas mais bonitas que ouvi na vida, tem umas mil. 
Eu sou cafona demais e me mantenho longe do foco e das razões de não ser um cosplay do Bob Esponja. Tem um milhão de motivos.

Isso poderia ser sobre Gênios da Lâmpada e fazer três desejos toscos. Ou a chuva e poeira que estão cobrindo a face dos que já se foram. Ou sobre The Cure. Poderia ser sobre o quanto o Popeye ama espinafre. Isso poderia ser sobre nada.

A minha liberdade se foi junto com algumas tirinhas da Mafalda e o café da minha doce avó.

Tardes nas masmorras de areia e cheiro de protetor solar. Tudo isso é um conto nostálgico que me faz sentir a saudade como algo abstrato.

Nós éramos como reis.

Nós ainda somos como reis sem tempo que só se consolam com músicas do Men At Work e seriados ruins.

É confuso demais. Eu sei.

domingo, 18 de setembro de 2011

Você é um babaca



Eu nunca consegui sofrer por causa dessa adoração pelo sexo oposto.

Escrever sobre paixonites de passagem é consequência, na maioria das vezes, disso. 
Quase a mesma coisa de tentar cantar qualquer música dos Smiths de trás para frente, cansa.

Adicta confessa. Eu não consigo me concentrar e acabo rebobinando até momentos ingratos e cuspindo, sem querer, no prato que joguei contra a parede. Acabo por voltar a gostar de seus cabelos, de suas costas, de seus olhos frios e escuros, de suas pintas perto dos olhos, faceiros. E passa. Passa quando eu traço o último ponto final e arquivo o monte de parágrafos em alguma pasta escondida e vou caçar pedaços de pizza na geladeira. Acaba simples.

Eu não dou a mínima, no final das contas. Nada supera a minha sede por expectativas e o turbilhão de coisas que se enrolam pelas pontas dos meus cabelos, junto com os meus dedos e a vontade enorme de dar com a minha cabeça contra a parede.

E isso acontece naquele momento em que você o vê passeando de um lado para o outro com a namorada e o cheiro podre de novidade pura emanando bem na sua cara. O ápice desliza para a corrosão.

Me desculpem, mas eu não sou a garota certa para escrever sobre essas coisas mesquinhas, vulgo relacionamentos. Me façam escolher entre Bob Dylan e Bruce Springsteen, mas não me façam explicar o que toda essa coisa quer dizer. 

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Recado


Oi.
Olá, alô. Bom dia.

Eu sou aquela barrinha de cereal que ficou esfacelada na tua bolsa durante dias, quase um mês. Quase.
Você me trocou primeiro por um picolé Diletto, e depois, por pipoca do cinema – aliás, quem é que almoça pipoca e ainda quer emagrecer?
Eu me senti muito mais trocada quando você abriu a sua bolsa dizendo estar com fome e ao olhar pra mim, soltou um suspiro.
"Só tenho essa barrinha velha."
E foi correndo pra Polar comer a coxinha especial deles.
Eu sou tipo o Sonic sendo comparado ao Luigi. Ou melhor, ao Mario Bros. E eu queria contar para o mundo que perdi a pira de tentar fazer você me notar no exato momento em que eu percebi a sua intenção de me dar para um dos mendigos do terminal de Santana.

Quem disse que é deprimente acabar sendo comida por um mendigo, hein? Eu sou é independente.
 Aliás, ele me trataria bem melhor do que você. Euzinha, tão saudável. Pronta para matar a sua fome de forma rápida. Ingratidão a tua. 
Aqui não tem mais jeito.
Mas agora tá tudo bem, você subiu na balança, não ficou feliz e comprou mais umas mil amigas minhas: lights e com 50% menos gordura. Karma's a bitch. 
Eu vou te perdoar, mas só porque eu sei o quanto ter pança incomoda.

E essa foi a consciência pesada de Lohaine Trajano.
Boatos grandes de que ela vai começar a dieta essa semana. Pra valer.