domingo, 27 de maio de 2012

Vamos supor que isso seja sobre você


E vamos supor que o teu caminho seja para o lado de lá e que o meu seja para o lado direito, que é o lado que eu sempre durmo e é a mão com que escrevo. Pediria informação só pra chegar até a esquina do teu destino e me perderia em alguma rua perto da tua.

Vamos supor que eu talvez tocasse a sua campainha, porque daí nós subiríamos e tomaríamos uma xícara de chá. O teu porteiro me cumprimentaria e você chamaria o elevador. 
O silêncio, o beijo. O seu andar.
Esquisito isso de querer sempre mais, de querer sempre seis vezes mais te ver. Esquisito, acho até bonito. Eu sempre tenho tanto pra te dizer, tenho tanto pra contar. Eu sou uma planilha.


Palavras, do lugar de onde venho, não saem de graça. E eu, que falo tanto sem parar, quando me empolgo. Você sabe. Vivo remendando e cobrindo os olhos a cada frase sem sentido que solto. Desculpa se eu desando. Mas não importa, você sempre ri. E suspira dizendo que eu sou engraçada e que não existo. 
Desculpa a minha latente elevada de breguice, mas você, moço, você pra mim é a poesia mais bonita do Gullar, a música mais bonita dos Stones, as melhores lembranças de algumas horas atrás, as melhores coisas que me acontecem nas terças, quartas e finais de semana. Faz de conta que não percebe essa confusão que são os meus pensamentos, esses silêncios que fincam as minhas sílabas e que sempre te deixam intrigado. Mas e os meus sorrisos, não te dizem nada?

Você também sente vontade de correr e abraçar tudo isso de uma vez, pular essa faixa? Se sentir, não deixa isso passar. Não me deixa fugir de você.
Desculpa esse meu jeito avoado, desculpa se faltar um pouco de canela em mim, mas é que eu sempre acabo me punindo com os meus devaneios.
E tem essa vontade de ver. Meu inconsciente te chama, e eu tento dizer a ele que já vai, que já vamos nos falar, mas ele não entende. Céus, o meu coração é leviano.

Nós somos um carrossel humano, nós somos madrugadas, nós somos tão completos um para o outro. Nós somos a música que faltou, somos as lágrimas que derramamos todos esses anos por seres infelizes que nos prepararam para aquele trinta de novembro. Você pegou na minha mão e não soltou mais.

E justo eu, que sempre achei tão bobagem essas garotas que escrevem coisas sobre pessoas específicas e ficam postando por aí. Eu vivo me punindo. Fico em desvantagem.
Mas deu um bom texto. Eu achei bonito. Porque é tudo verdade. E eu vou postar com vontade de apagar, com vergonha de falar mais do que deveria, de exagerar nas linhas e no constrangimento.

Mas vamos apenas supor. Vamos apenas supor que isso seja sobre você.


domingo, 20 de maio de 2012

Domingo


Minha cor favorita é azul. Azul marinho, na verdade. Já foi verde, mas hoje em dia verde me faz ficar deprimida. O meu quarto é verde.

Gosto de lugares pequenos e cores de paredes escuras. De chãos corridos de madeira e do barulho que meus sapatos fazem quando piso neles. Eu também gosto muito de sapatos. Menos daqueles que machucam o calcanhar. 


Gosto de cortinas com cores claras e do movimento que elas fazem quando o vento as toca. E de livros. E de bibliotecas. Eu gosto de estantes lotadas. Tenho muitos livros, apesar de já ter lido bem mais. 

Minha mãe era artista plástica mas hoje só manda eu ir arrumar o quarto. Sou muito parecida com ela, apesar de não mandar e-mail pra ninguém com apresentações de slide enormes. Eu checo a minha caixa de e-mail pelo menos cinco vezes ao dia e nunca recebo nada além de anúncios de promoções de lojas que nunca ouvi falar e de passagens aéreas.

Eu também gosto de coisas antigas. De ouvir músicas tristes de outras décadas. Esse clichê babaca que pelo menos todo mundo passou a ter depois de assistir 500 Days of Summer.

Odeio domingos. S
eguindo a logística que aprendi com Jorge Ben, domingo é boa data pra se apaixonar, porque domingo é sinônimo de amor também. Domingo é parceiro da preguiça, de postura torta e errada, de comer mais do que se deve e de aturar aquele tio chato que sempre aparece do nada gritando que foi gol do Palmeiras.