segunda-feira, 28 de março de 2011

Patifarias expostas e vividas



Às vezes eu acho que a minha vida virou do avesso, e que alguém veio e simplesmente alinhavou umas vinte vezes para ela nunca mais sair do lugar. Eu sei que isso parece papo de gente mal amada, que precisa de um belo esporro para parar de reclamar, levantar a bunda do lugar e ir fazer algo em relação a isso.

Mas me deixem terminar.

Voltando ao ponto: não que muita coisa tenha mudado – aliás, acho que o problema vem daí.
Ainda gosto de deitar na minha cama e puxar os fios soltos das costuras do meu edredom, dando nome a cada um deles – me chamem de estranha, mas a minha mãe odeia esse meu hábito tanto quanto ela odeia precisar comprar um edredom novo a cada três meses, e eu sei que nunca vou parar com isso. É mais forte que eu.
Ainda continuo fazendo listas inúteis e travando conversas imaginárias comigo mesma.

- Lohaine, tudo bem aí?
- Difícil.
- É, eu sei.
- Sabe? Como você sabe?
- Eu sou você, oras.

É só que eu me toquei que agora tá valendo. Agora é pra valer.
Esse negócio, essa coisa de viver. Agora é de verdade – você mudando, ou não vai acabar acontecendo. E de vez em quando me dá preguiça só de pensar que isso tá só no começo.
Sabe, é que chega uma hora que inevitavelmente a gente se liga e percebe que pronto, tá para ser, não dá pra voltar atrás.
Não dá pra fazer nada em relação a isso, por mais que achem que não é bem assim, que dá pra parar o tempo, gritar, espernear, puxar ele pelos cabelos e pedir para ficar.
Porque ainda assim, a vida vai escorrer, vai correr por entre os pedaços de você, fazendo graça, dando adeus enquanto segue cantando alguma música.