quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Para reparar os danos: fez um ano

Faz um ano hoje.

E eu só queria dizer que foi um ano totalmente arrastado até o mês de março, que foi quando ele correu e juntou todos os minutos possíveis para chegar até aqui e se completar com suposta felicidade frígida. Eu sei, eu sei.

Há um ano atrás, já tinha sorrido todas as rugas possíveis com o teu pedido desajeitado e cheio de silêncios e melindres.

Começamos naquele 17 de agosto de 2010 algo que muitos julgaram mal. Mas ainda assim, nós resolvemos arriscar. Foram tantas as mensagens, telefonemas contados e programados, acústicos via skype e mãos tremendo. E sem esquecer das lágrimas, também. Da minha parte.

Os dois em lados opostos, em lugares diferentes. Arestas e quatro lados, exatamente. Você lá, e eu aqui, tão aqui. Eu que não me apaixonei por sua bipolaridade de fachada, suas respostas engraçadas e sua vontade de transformar tudo em algo maior. Não me apaixonei por suas investidas artísticas. Me apaixonei pois aceitava o meu jeito lunático e parecia entender exatamente tudo o que eu pensava e dedilhava.

Eu não gosto da obstrução.
Não vou falar dela, nem do resto. Sabe, você não deve lembrar. Então, não faz diferença.

Vamos seguir os dois sendo apenas pessoas que se conheceram e que por fim, não deram certo. É que eu não consigo mais escrever sobre você. É covardia demais.

Vamos fingir que o dia 17 nunca aconteceu. Para reparar os danos.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Procura-se anão.



Coisa séria, bacana.
Garantimos celulares intactos até o fim das filmagens.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Falta sem cré.

Ao fim da manhã agostina, no topo da vista das pedras musguentas, as tampas dos olhos cobriram-se como sinal de apelo, cobrando.
Era menina de poucas palavras e de grandes sorrisos, quieta e cheia de am
anhãs. Nunca passara por isso antes, de tão mimada e prematura que era. 
Vivia de felicidade, ria por diversão. Ria porque era a única coisa que sabia. 
O par de sapatinhos batiam com a falta de música e o vestido costurado pela avó sujava e encardia com a terra do descanso.  
Os pensamentos tão poucos, miúdos e contados para cada período de tempo entre o Sol e as nuvens virgens, escapuliram. 
Precisava de tempo para restaurar as vértebras e de rios que corressem as maçãs do rosto, já que tristeza é algo que se cura com o silêncio pleno e absoluto de pensamentos foscos e sentidos pelo eu lírico da gente. 
Não era fraca, não era magra. Não era gorda. Normal, simples. Rosto de menina, forte, bonito. Não oval. Lindo.  
Jabuticaba era a sua fruta favorita e tinha amigas para as férias de amarelinha. Seu armário era egoísta de vestidos e a televisão da sala, novíssima, sempre estava ligada em algum episódio tosco do Bonanza.
Normal, vida simples, pacata. Toda cheia de vírgulas. 

Domingo retrasado encontrou fulana chorando largada em uma calçada cinza e feia.
– Por que choras? – perguntou. 

A menina deu de ombros, como quem não sabe de nenhum cré, nem lé.
Talvez chorasse sem motivo, ou por algum parente que fora raptado por anjos atrevidos.  

Como é que alguém entristece sem motivo? Será possível entristecer por loucura?
Pensou nisso durante toda a semana, e após analisar e discutir com a sua vida simplória, chegou até a conclusão de que não lembrava quando fora a última vez que chorara. 

Talvez fizesse um mês, ou anos. Talvez tivesse acontecido no último arranhão que ganhara do carrinho de rolimã do irmão mais novo. Talvezes. 
Não lembrava. E se não lembrava, a culpa era da vida que caminhava boa, doce demais e estava lotada de incontáveis risos, grandes cirandas, danças de cílios abrindo e fechando. O ar faltando e farfalhando de forma escandalosa, a vida passando.  
Poesia ambulante e de semblante pleno, pegou-se agradecendo por não ter motivo algum para praticar tal coisa que deixa os olhos grandes e úmidos.


E num ápice de valsa consigo mesma, as lágrimas pediram licença e vieram.