Lasanha congelada Sadia tem sabor de infância. E isso já gerou discussões em rodinhas, filas de cinema, cabeleireiro, por simplesmente colocarem aquelas dentaduras Fini e os bolinhos de baunilha da Panco no topo das nostalgias. Sem querer contestar, cada um com o seu pedacinho de lembrança.
Lembro bem de quando ia passar uns dias na casa da minha tia. Tia daquele tipo que não curte cozinhar pra mais de uma pessoa e que ferra com todo o cronograma de refeições impostos pela sua mãe.
Na época, ela trabalhava como professora de educação artística e vivia ocupada com um monte de rabiscos e trabalhos bimestrais de outras crianças e em tentar tirar as manchas de tinta plástica dos aventais dela.
Eu nunca vou esquecer da cara que ela fazia quando eu perguntava o que tinha pro almoço.
- Tem lasanha no congelador.
E eu fui pegando gosto por esses almoços singulares, que quase sempre seguiam com narrativas detalhadas sobre o tropicalismo, cubismo e Law&Order.
Tudo bem, eu meio que me tornei uma criança movida por lasanha.
Pirada mesmo. Bitolada. E tá, lasanha nem é um prato tão trabalhoso assim. Mas acho que essa era a graça.
Ah, o poder daquela caixinha com o logo da Sadia. Do microondas apitando e gritando que a felicidade estava pronta, me esperando. O paraíso pronto em menos de vinte minutos.
Passar na sessão dos congelados em toda ida ao mercado se tornou obrigatório. Eu conseguia deixar a minha mãe puta quando a família ia almoçar fora.
Meus primos, no geral, pediam sempre batata frita pros garçons. E eu, lasanha congelada.
Minha família me apelidou de Losanha, e não foi à toa. Mas legal. Muita coisa fez parte da minha infância: paçoca, aqueles pirulitos maneiros que vinham num saquinho com açúcar, dentre muito mais. Só que não dá. Lasanha congelada chuta bundas.
Não dá pra brincar com isso. Falando sério. E eu acho que sempre vai existir um lugarzinho especial pra lasanhas prontas no meu congelador. Independente do sabor, validade – vide festa do Babbu –, ou procedência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário