sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Acabou


No período de dois meses, cansada da vida, cansada de tudo relacionado ao amor, cansada de todos que conheço, cansada de tudo relacionado a ele, me mantive em uma manifestação estranha de sentimentos.

Todos que me conhecem bem, sabem que tenho uma mania estranha de falar comigo mesma e com personagens imaginários que eu mesma dou vida e invento. Tudo tirado da minha mente cheia de felostamina e esquisitice.

Pode parecer estranho, mas não foi grande surpresa levantar a cabeça do travesseiro e o ver sentado bem ali, na minha cama fumando um cigarro e me olhando com curiosidade.
 Por que você tá chorando?  ele perguntou.  Todo mundo te avisou que isso ia acontecer. Digo, sobre eu e você.
 Por que você fez isso? Por que você quis fazer isso?
 Não sei.
– Você tem que saber.
 Não sei. Acho que precisava de alguém – e dando um trago no cigarro – e você estava lá. E sei lá, você me tratava tão bem. Foi o que eu disse, naquele dia eu acordei apaixonado por você.
– Rá. Apaixonado. Até parece.

Naquela ocasião, eu podia não permitir que aquilo acontecesse. Ele era a parte lesada de mim, dos meus pensamentos conturbados, dos meus planos, de todo aquele ano.

 Você não entende. Eu sou só parte da sua consciência. Não sou ele de verdade. Eu sou um holograma criado pela sua mente. Não posso responder nada muito difícil, sabe como é, eu sirvo apenas para você não esquecer dele e tentar achar onde foi que os dois erraram nisso tudo.
 Tanto faz.
 Sabe, quando eu aparecia há uns meses atrás você costumava ficar mais feliz em me ver. E nossa, era legal ficar horas falando sobre os nossos planos e sobre o quanto nós íamos dar certo.
 Isso foi antes da gente, sabe como é.
 Terminar.
 Odeio essa palavra.  Por que a gente começou com tudo isso?
 Não sei. Não dá para explicar.
 Foi porque você quis. 
 Eu gostava de como a gente era no começo.
 E eu estraguei tudo.
 Acho que sim. Mas a culpa não é só sua.
 Eu não posso mais ficar aqui te esperando. 
 Eu estive pensando, talvez seja hora de você ir embora. Te deixar ir, sabe como é.
 Pra sempre?
 Não, talvez você possa aparecer de vez em quando. Para eu sentir um pouco de saudade.
 Pelo menos uma vez ao dia?
 Mais ou menos isso.
 É o que você quer?
 É o que vai me fazer bem. Você vai indo aos poucos.
 Você não vai mais escrever sobre mim?
 Não sei, acho que por um tempo, não.
 Você foi uma boa amiga.
 Você também.
Sinto que não há mais nada para ser dito. É agora.
 Então, acho que é hora de você ir embora.   Então, é isso. 
 Até qualquer hora.
E simples assim, eu o deixei ir.

3 comentários:

  1. ‘Todos que me conhecem bem, sabem que tenho uma mania estranha de falar comigo mesma e com personagens imaginários que eu mesma dou vida e invento. Tudo tirado da minha mente cheia de felostamina e esquisitice.’
    ‘- Aquilo estava além do amor. Aquilo se comparava ao simples adeus de dois amigos que ficariam anos sem se ver, e talvez, algum dia, pudessem se reencontrar, ou não.
    Sem pensar, fui até ele e o abracei. De certa forma, aquele era o sinal de que estava acabado. Era hora de deixa-lo ir. Mas ainda assim, eu não segurei os meus soluços, chorei sentido.’ E gosto tanto daqui…

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  2. Ahh céus, eu vou pra outro mundo qnd leio seus posts lolly….. você escreve tão bonito. minha amiga escritora! te amo

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