segunda-feira, 13 de agosto de 2012

A primeira vez em que ouvi falar dos teus olhos.


Da primeira vez em que ouvi falar dos teus olhos, te achei meio esquisita.
Maria disse que tu era perturbada, meio petulante e que tinha olhos que faziam qualquer menino no auge da minha idade se perder e ficar feito idiota. E eu, moleque, curioso, criado aos pontapés divinos, de rosto pintado de asfalto, a ouvia e guardava cada detalhe dos olhos que não deveriam ser mirados de jeito algum.

Fui cuidadoso. Passava pela tua casa como o diabo foge da cruz e evitava cruzar o teu caminho – e se o fazia, a reza era grande e os olhos sempre mirados no chão.


A verdade é que no final das contas, numa tarde dessas aí, tu perguntou as horas pra mim, daí te olhei nos olhos e, frágil como uma cristaleira, ruí. Porque ali já era amor. E os teus olhos, no final das contas, deveriam ser admirados pelo menos seis ou sete vezes ao dia.
Às vezes a gente se pergunta – e sempre que a gente se pergunta nunca vai saber a resposta. E teus olhos dizem demais. Não ligo se a resposta for silenciosa.

Pelos teus olhos arrasto um bonde se precisar. Pelas esquinas, não se fala de outra coisa. Me chamam de esperança, me gritam “corajoso!”.
Porque a ansiedade aumenta sempre que imagino você admirando as samambaias nas varandas azulejadas, achando graça nas trepadeiras escalando as paredes do bairro. E que falem. Desde que Garibaldi amou Anita, tudo é novo, tudo é sublime.

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