quarta-feira, 4 de abril de 2012

Bonito, descobriu o sentido na vida e eu muitos em você


E te guardo em minha luneta. Onde teus sorrisos ficam seguros e os teus passos mais largos. Guardo e fico no aguardo dos nossos encontros serem constantes, porque quero ouvir as tuas histórias quando tiver vontade, quando achar necessário, sem o receio de pensar que é cedo ou tarde demais pra você. Desculpe a ousadia, mas nunca fui pontual.
Eu te apresentei aos meus pintores surrealistas favoritos, e aos compositores pobres e sofridos que habitam o meu inconsciente. Eles me visitam todas as noites. Você já se tornou um velho conhecido deles. O prazer é todo nosso.

Assim que te vejo sumindo escada abaixo, junto com tudo o que representa pra mim, minhas sensações se dividem em saudade imediata e felicidade por ter tido sua companhia até aquele último minuto. Paciência.

Quando eu era mais nova, bem mais nova, uma menina de aparelho que sentava esparramada no chão da locadora pra decidir o que assistir num sábado chuvoso, imaginava se algum dia encontraria alguém especial pra mim. Se ia namorar, casar. Ter um divórcio como o dos meus pais. Engraçado. Eu nunca te imaginei.
Desculpa, eu falo demais. Eu já deveria ter aprendido a me calar, mas todo mundo sempre diz pra eu não me fechar. Faço isso porque tive medo de nunca mais abrir os meus olhos, de não ser mais a mesma, de não querer mais nada, tive medo de ficar vazia, de ficar no escuro, ou de acabar ficando claro demais. E se a lógica não quiser me acompanhar, eu me atiro ao mundo, falo tudo até acertar. Mas só se você for junto. Na mala, trancada, pra você nunca fugir de mim.


Nos quatro primeiros passos, a gente prende o fôlego e dá a cara à tapa.
Eu quis dar meia volta e me esconder, já que a minha decadência não é nada charmosa. Mas eu não fiz isso. Ainda bem.

Com o perdão de todo o meu senso piegas, esse é um texto de uma garota que mora numa travessa da Santa Inês, que demora onze minutos pra chegar ao metrô, e que foi criada por Law&Order e purê de batata. Devaneios mil, você os entende. Bonito, descobriu o sentido na vida. E eu muitos em você.

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